30/06/2011

LEVIATÃ ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil


        A importância do pensamento de Thomas Hobbes, expressada principalmente em seu livro Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil, é inconteste, tanto que, desde 1651, data em que foi escrito, faz com que qualquer que se arvore ao estudo da Teoria Política lhe dedique longos momentos de reflexão.

       Hobbes engendrou uma teoria segundo a qual o Estado Civil, ou simplesmente Estado, originou-se do contrato firmado entre os indivíduos enquanto estes se encontravam no estado da natureza. Esta postura faz com que filósofo seja enquadrado como contratualista, categoria em que são também incluídos Locke e Rousseau.

       Em Leviatã Hobbes procurou analisar a essência e a natureza do Estado Civil, ao qual, em razão de seu poderio e de sua força, comparou ao monstro bíblico descrito no capítulo 41 do livro de Jó. Tanto é assim que o denominou de "grande Leviatã". Na definição de Hobbes, o Leviatã:

(…) nada mais é senão um homem artificial, de maior estatura e força do que o homem natural, para cuja proteção e defesa foi projetado. No Estado, a soberania é uma alma artificial, pois dá vida e movimento a todo o corpo; os magistrados e outros funcionários judiciais ou executivos, juntas artificiais; a recompensa e o castigo (pelos quais, ligados ao trono da soberania, juntas e membros são levados a cumprir seu dever) são os nervos, que executam a mesma função no corpo natural; a riqueza e prosperidade de todos os membros individuais constituem a força; Salus Populi (a segurança do povo) é seu objetivo; os conselheiros, por meio dos quais todas as coisas necessárias lhe são sugeridas, são a memória; a justiça e as leis, razão e vontade artificiais; a concórdia é a saúde; a sedição é a doença; a guerra civil é a morte. Finalmente, os pactos e convenções pelos quais as partes deste Corpo Político foram criadas, reunidas e unificadas assemelham-se àquele Fiat, ao "Façamos o homem" proferido por Deus na Criação.
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27/06/2011

RETRATO DO BRASIL: Ensaio Sobre a Tristeza Brasileira

PAULO PRADO foi figura decisiva na vida intelectual brasileira durante a agitada década de 1920. Soube conjugar a posição de líder da cafeicultura paulista com intensa atividade cultural. Reconhecidamente o mentor da Semana de Arte Moderna, de fevereiro de 1922, coube-lhe ainda contribuir para a renovação da historiografía brasileira.
Retrato do Brasil ( Ensaio sobre a tristeza brasileira ) é um livro clássico da nossa cultura, podendo ser considerado a tentativa mais brilhante e polêmica de interpretação do caráter nacional.
Publicado em 1928, portanto às vésperas da derrocada da República Velha, Retrato do Brasil procura explicar as origens remotas do atraso econômico e cultural da Nação e dos vícios crônicos dos regimes políticos, através do processo de formação étnico-cul-tural da nacionalidade. “Damos ao mundo o espetáculo de um povo habitando um território — que a lenda mais que a verdade — considera imenso torrão de inigualáveis riquezas, e não sabendo explorar e aproveitar o seu quinhão. Dos agrupamentos humanos de mediana importância, o nosso país é talvez o mais atrasado (...) Pelas costas do oceano, e em manchas de civilização material, nos planaltos da serra do Mar, da Mantiqueira e nos campos do Sul, o progresso é uma indústria que, como na China, é explorada, numa rápida absorção, pelos capitais estrangeiros e poucos grupos financeiros nacionais que só cogitam — como é natural — dos próprios interesses (...) Na desordem da incompetência, do peculato, da tirania, da cobiça, perderam--se as normas mais comezinhas da direção dos negócios públicos (...)”
A explicação cientificista baseada na raça e história, produzindo traços marcantes na psicologia social, parecelhe fundamental. De fato, as teorias sobre o caráter nacional eram consideradas, no começo do século, a suprema conquista das ciências humanas. Justificava as diferenças nacionais, a evolução desigual dos povos. Mas a intenção manifesta do livro de Paulo Prado é contestar as falácias românticas e o ufanismo corrente na literatura oficial desde a publicação de Porque me ufano de meu país, de Afonso Celso. Retrato do Brasil, fundamentalmente, é a réplica explícita ao ufanismo e à patriotada vazia, com que se procurava encobrir nossa situação semicolonial. Num estilo incisivo e golpean-te, Paulo Prado denuncia: “Numa terra radiosa vive um povo triste. Legaram-lhe essa melancolia os descobridores que a revelaram ao mundo e a povoaram (...) A melancolia dos abusos venéreos e a melancolia dos que vivem na idéia fixa do enriquecimento — no absorto sem finalidade dessas paixões insaciáveis — são vincos fundos da nossa psique racial, paixões que não conhecem exceções no limitado viver instintivo do homem, mas aqui se desenvolveram de uma origem patogênica provocada sem dúvida pela ausência de sentimentos afetivos de ordem superior (...)”
O Autor divide o seu livro em quatro capítulos e um Post-Scriptum: I. A luxúria. II. A cobiça. III. A tristeza. IV. O romantismo.
Inicialmente trata da luxúria dos colonizadores no contato livre com o indígena e o negro. Daí a origem de nossas populações mestiças que, para Paulo Prado, dentro da visão da época, esgota o processo da formação nacional. Depois, estuda a cobiça do colono, seu desamor à terra, o desejo de enriquecer rapidamente, perseguindo a miragem do ouro. Denuncia o erotismo desordenado como fator degenerativo da raça e a escravidão como fato histórico do atraso econômico e sócio-cultural. Por fim, ataca o mal romântico, o lirismo melancólico, a distorção cultural do bachare-lismo divorciado do senso prático e da realidade do País. A tristeza como chave do psiquismo nacional é produto da exacerbação sexual, da fome do ouro, dos cruzamentos poligâmicos.
O Post-Scriptum constitui o arrazoado final de implacável julgamento histórico e a proposição de medidas radicais às vésperas da revolução de 1930, já então em pleno curso. “Para tão grandes males parecem esgotadas as medicações da terapêutica corrente: é necessário recorrer à cirurgia. Filosóficamente falando — sem cuidar da realidade social e política da atualidade — só duas soluções poderão impedir o desmembramento do país e a sua desaparição como um todo uno criado pelas circunstâncias históricas, duas soluções catastróficas: a Guerra, a Revolução (...)”
A Revolução veio com a Aliança Liberal, somando os tenentes com a dissidência oligárquica de que Paulo Prado era um dos expoentes. A Guerra eclodiria na sua forma armada 10 anos mais tarde, envolvendo toda a Humanidade.
Retrato do Brasil está definitivamente incorporado à história do pensamento brasileiro e não há como negar-lhe a importância golpeante na formação da consciência política dos intelectuais modernistas. Naturalmente, a tese exposta neste livro, de tão intensa notoriedade dos anos de 20 e 30, está sujeita a longas controvérsias. Sua própria natureza polêmica indicou o caminho da reflexão e do debate acerca da realidade nacional. Daí sua poderosa contribuição aos estudos brasileiros, a ponto de constituir até hoje leitura indispensável aos estudiosos e exegetas da nacionalidade.

GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA HISTÓRIA DO BRASIL



É hora de jogar tomates na historiografia politicamente correta. Este guia reúne histórias que vão diretamente contra ela. Só erros das vítimas e dos heróis da bondade, só virtudes dos considerados vilões. Alguém poderá dizer que se trata do mesmo esforço dos historiadores militantes, só que na direção oposta. É verdade. Quer dizer, mais ou menos. Este livro não quer ser um falso estudo acadêmico, como o daqueles estudiosos, e sim uma provocação. Uma pequena coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer um bom número de cidadãos.

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15/06/2011

vazio agudo

O QUE É IMAGINÁRIO

INTRODUÇÃO

O livro "O QUE É IMAGINÁRIO" de François Laplantine e Liana Trindade é de leitura obrigtória, pois na atualidade vivemos a busca de novos caminhos que possam conduzir à compreensão e à superação da realidade. A imaginação tornou-se o caminho possível que nos permite não apenas atingir o real, como também vislumbrar as coisas que possam vir a tornar-se realidade.

Embora as sociedades ocidentais tenham, nas últimas décadas, privilegiado as imagens como forma de conhecimento e de comunicação social, esse fenômeno que utiliza as imagens televisivas ou computadorizadas não trouxe consigo a emergência de um imaginário mais rico ou complexo. As imagens padronizadas não conseguiram construir, através de seus recursos simbólicos, qualquer universo do imaginário social que pudesse superar as antigas narrativas orais, o teatro das ruas e os rituais sagrados e profanos que fizeram parte durante séculos da composição do imaginário social. Porém, o imaginário não foi derrotado no confronto com a racionalidade das imagens massificadas, produzidas para o consumo fácil, encontrando-se presente cada vez mais nas fantasias, e projetos, nas idealizações dos indivíduos e em outras expressões simbólicas, religiosas ou leigas, que traduzem e constroem as suas emoções em um novo contexto imaginativo.

Neste trabalho, indicaremos inicialmente os principais conceitos extraídos de diversas teorias sociais e filosóficas sobre símbolos, imagens e imaginário. Destacaremos as distinções conceituais significativas encontradas entre ideologia, imaginário e símbolo, os quais consideramos como categorias distintas, embora alguns autores queiram torná-las coincidentes. Trataremos também dos símbolos configurados na construção dos deuses e analisaremos os gêneros do imaginário como o extraordinário, o maravilhoso e o fantástico na literatura.

Nos capítulos finais, examinaremos as expressões e gêneros do imaginário enquanto processo de produção de conhecimento, interpretação, reflexão e desejo, que antecipa a realização de um projeto social, profético ou utópico.

O imaginário em liberdade, que rompe os limites do real, consiste na explosão que propicia o início de uma nova época ou apenas o tempo efêmero e extraordinário de uma festa; questões que serão abordadas no decurso de nossas análises.

14/06/2011

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA




"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

Palavras de José Saramago, na apresentação pública do seu romance Ensaio sobre a Cegueira.

"Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso."

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PARADA CARDÍACA

Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure
vem de dentro
Vem da zona escura
donde vem o que sinto
sinto muito
sentir é muito lento

(PAULO LEMINSKI)

HENRI WALLON - Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil



O livro "Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil" de Henri Wallon é de leitura imprescindível para todo e qualquer educador. Visto que, “decorridos mais de trinta anos da morte de Henri Wallon, vemos surgir, no cenário da educação, um grande interesse por sua psicologia. Trata-se de um "resgate teórico" muito importante, com potencial de trazer significativas contribuições para a reflexão pedagógica”.

Buscando compreender o psiquismo humano, Wallon volta sua atenção para a criança, pois através dela é possível ter acesso à gênese dos processos psíquicos. De uma perspectiva abrangente e global, investiga a criança nos vários campos de sua atividade e nos vários momentos de sua evolução psíquica. Enfoca o desenvolvimento em seus domínios afetivo, cognitivo e motor, procurando mostrar quais são, nas diferentes etapas, os vínculos entre cada campo e suas implicações com o todo representado pela personalidade.
Considerando que o sujeito constrói-se nas suas interações com o meio, Wallon propõe o estudo contextualizado [pág. 11] das condutas infantis, buscando compreender, em cada fase do desenvolvimento, o sistema de relações estabelecidas entre a criança e seu ambiente.




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13/06/2011

O Contrato Social


Caros amigos,

Há livros que todo profissional deve ler. E esse é um deles! 

Em "O Contrat Social" Rousseau explica a necessidade e o porquê de o homem nascer livre mas revogar essa condição, uma vez que a liberdade é o maior bem que se pode ter e sua perda significa a renúncia à qualidade de homem e aos direitos do mesmo.

 Rousseau rejeita a força como motivo para a abstenção da liberdade, a não ser que o mais forte a transforme em direito, mas isso não seria aceito por todos e nem se perpetuaria. As convenções então seriam a base de toda autoridade legítima entre os homens, sendo a melhor de suas formas a renúncia por parte de todos de suas liberdades e de seus direitos, pois submetendo-se cada um a todos, não se submete a ninguém em específico. Essa associação teria por fim conservar a todos os homens, que unindo-se comporiam um corpo moral e coletivo.

Esse corpo seria composto por um soberano, e sua vontade seria a representação da vontade geral, não sendo esta contrária a de seus súditos, seus membros. Casa indivíduo pode vir a ter opiniões diversas das do soberano, mas deve respeitá-las e cumpri-las como cidadão, senão estaria indo contra ele mesmo, contra sua própria liberdade, pois o soberano nada mais é do que a expressão do coletivo subjugado a uma persona. Apesar disso Rousseau afirma que as leis só servem quando em mãos de bons governos, e o estado social só é bom aos homens quando não há um grande desnível de propriedade entre eles, nenhum homem deve ser pobre o suficiente para precisar vender-se, nem rico o suficiente para poder comprar outro que se venda.
                                                                                                                              Boa leitura!
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10/06/2011

LEITURA OBRIGATÓRIA



Caros amigos,

Entendendo que em tempos sombrios como esses; nos quais, políticos roubam/furtam o dinheiro público e o escondem nas cuecas, meias e bíblias; é necessário esclarecer-se/fortalecer-se intelectualmente, apresento-vos o primeiro de uma série de livros que poderão ser baixados nesse blog.

Obra atualíssima “A Desobediência Civil” é o texto mais conhecido de Thoreau. Escrito em 1848 influenciou profundamente pessoas como Mahatma Gandhi, Leon Tolstoi, Martin Luther King e tantos outros.

Em defesa do Direito à Rebeldia esteve, Henry David Thoreau lutou contra todas as formas de discriminação, pelos direitos das mulheres, em defesa do meio-ambiente, contra a discriminação étnica - criticou a escravidão nos EUA. Pacifista Radical (indo à Raiz do mal que combate) recusou-se a pagar impostos a um governo autoritário que fazia mais uma guerra predatória na qual roubou mais da metade do território mexicano – este ato Radical de Desobediência Civil lhe custou um tempo na cadeia que lhe foi útil a escrever e deixar para a posteridade seus pensamentos – muitas vezes, diria mesmo que na maior parte delas, o lutador pelo que é VERDADEIRAMENTE Justo e Perfeito só é reconhecido postumamente após uma vida eivada de dissabores. Questão de escolha. Há aqueles que não compactuam com a injustiça, a prepotência, a arrogância ou o roubo. Há os que se acomodam. Quem se acomoda, em geral, vive melhor mas, como dizia Leonardo Da Vinci, não passam de meros condutores de comida, não deixando rastro algum de sua passagem pelo mundo exceto latrinas cheias...

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