06/08/2012

É

É
É fome do inominável,
É querer que não cabe, descabido.
É vontade de ser, não ser, vir-a-ser...
É desejo de mais, cais, ais...
É palavra sem destino;
É fruto absurdo, prisão presente, pacato passado;
É verbo intransitivo corroendo o estômago;
É anseio de que um apagador apague a dor;
É um que atira a dor num alvo que é o outro;
É felicidade expatriada, futuro gerúndio martelando;
É ir para além do umbigo, é o que cobiço e não digo
É pessoa sem Pessoa, é Drummond sem pedra, é símio que medra;
É país sem Bandeira, é do teto que abriga o sono dos mendigos, a goteira;
É poesia desritmada, grasnada...
É, é no dia sem fim, que eu me vejo assim, alienígena de mim.

(RAMONND, Maurício. 22-07-12)

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