06/08/2012

ENCONTRO

Quando do primeiro encontro,
A noite coloria nossos espíritos de álcool;
As mulheres mentiam para o tempo,
Enquanto mastigavam as horas.
E eu lembrava desterrado do singelo bordel bordado
Que ferroava minha pele.

Quando do primeiro encontro,
Compulsava em mim a decepção em ser isso, de não ser mais do que isso.
Mas do meu escafandro fitava o relógio, cujos números martelavam a minha alma de simplório operário.
Não podia demorar! O dia e seus galos artificiais tão logo me despertariam
Para ser mais um Sísifo.

Quando do primeiro encontro,
Um deus-rio conduziu meu espírito para o imponderável, o outro,
Na indistinção dos passantes, entre altivos ébrios,
Olhar soturno, corpo declinado, signo confuso...
Na praça onde tudo é:
Mentira e festa; contemplação e compulsão,
O silêncio adormecido acenou ao longe
E, entreolhares, senti um calafrio na juntura dos ossos.

(RAMONND, Maurício. 22-07-12)

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