06/08/2012

O PRINCÍPIO DA NEGAÇÃO

Eu não
Escrevo,
Peço socorro,
Imploro por piedade
A está cego que sou,
Que soa, que vê,
Mas não acredita.

Eu não
Escrevo,
Eu invejo os loucos,
E não sou digno
De que entreis em minha morada,
Porque nela não há cachorro feliz,
Nem portão.
E o que me abriga
É esse teto concreto armado
Que se estende sobre um rio banal
Onde sou margem, marginal.

Eu não
Escrevo,
Eu ando como quem perdido na vida
Procura em braços alheios
Um endereço, um adereço;
Índio desaldeiado que sou
Grito pelas ruas,
Um outro que xinga,
Conferindo nos bolsos
A procura do troco da pinga.

Eu não
Escrevo,
Suplico um pedaço de pão,
Risco as paredes da
Cidade em festa,
Abro bem meu
Meu olho redondo
E cometo sim!
Um crime
Hediondo.

Eu não escrevo,
Eu minto,
Entre frases e fraudes,
SS e cês-cedilhas,
Sem coesão coração,
Sou bicho extinto.
Eu não
Escrevo,
Eu minto.

(Maurício Ramonnd. 05-08-12)

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